sábado, 26 de fevereiro de 2011

Réquiem para um Amor.



Repouso doce e terno, por ti todo afeto.
Lembranças de um amor que já não vive.
Como uma melancolia, um sonho que retive.
Num início voraz, depois tão discreto.

Estarão sempre vivos, delírios, paixão.
Dizias-me que nunca amou, e isso já lhe dei.
E sem medo, docemente também te amei.
Fez me ser dono do teu coração.

Vejo-te como um ontem, sonho enclausurado.
E na lembrança, viva quando te fiz sonhar.
Desejei-te, e com meus beijos te fiz calar.

Meu coração, por ti já foi habitado.
Foi só teu, mas devo pensar em mim.
Não se entristeça! Te amei, mas teve fim.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Visceral




De um choro contido, me vejo em prantos embebido.
Não obstante, estarrecido em meio à dor que me corrói.
De um desejo abstrato, dor senil que me destrói.
Como que levado, subjugado e desfalecido.

De todas as dores nauseantes que já tive.
Como podes ser alheia a uma dor tão pungente.
Dilacera meus sentidos, atordoa a mente.
Moléstia que tonteia um cativo que nem vive.

Joguei meu coração de vidro a teus pés estilhaçado.
Os meus olhos já não guiam, não confio, são ingratos.
Habitando meus sonhos, e permanecendo entre parênteses.

Apoderou-se dos meus sentidos, sou um louco amordaçado.
Toda doçura do teu ser, deixou o meu em trapos.
E me posto a ti, como um vencido, de tu só desinteresses.

Lancinante


Tantas vezes eu fui tantas outras deixaram de ser.

Quantas outras ainda poderiam eu tentar?

Já não sei se posso, o coração clama por querer, o contido não ser.

Seria um tolo feliz, acho eu, mesmo sem nunca saber.

Seria tolo se não o fosse, seria covardia não querer.

Quantas vezes quis ser tolo, fui covarde e não pude atrever.

Por ti seria quantas vezes precisasse.

Sem nenhum medo, sem conter.

Por ti seria o quanto minha loucura alcançasse.

De uma loucura consciente, ou um sonho permanente.

De repente, me vi assim, realidade e ilusão.

Pousaria meus sonhos em tuas mãos.

Sossegaria meu coração.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Sonhos e ilusões


No mundo do absurdo tudo é perigoso sentir. 
O perigo sempre à espreita, carrasco, vigilante.
Um mundo de contrários, onde tudo que sentir terá de ser dominado ou domado.
Mesmo em uma terra de absurdos, sonhar sempre faz parte da realidade.
Afinal, real mesmo é aquilo que precisamos, e já descobri que sem sentimentos não há vida.
Ela é o que sinto, só ainda não descobri se sentiria sem ti, pois, foi depois que perdi os sentidos.
O absurdo e o contraditório me dominam e a realidade me comanda, e assim vivem os idiotas que se perdem nos sonhos e realizam as doces ilusões...
No doce  mundo dos sonhos toda realidade é perecível, 
cada anseio de momento parece uma eternidade, intocável é o sonho, modesto dentro de uma realidade possível. 
Cada medo é um assombro, 
medos contidos pelo simples desejo de preservar, 
preservação de uma doce ilusão, ilusões podem padecer, contrastada com a realidade.
Foi no percalço da minha esterilidade de sentidos que encontrei sabedoria e razões que me fizeram crer quão iluzionista era minha realidade, assim, me perdi na busca por separá-los... Já nem sei se existo ou se é sonho.


 Fátima Oliveira
 &
Jorge Muniz



 

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Pétalas ao vento




Os poemas deveriam saber falar, no entanto escondem, abafam, disfarçam até os desabafos se fazem em forma de epopéias, em máscaras. 
Textos não dizem nem desdizem, sombreiam, insinuam, entrelinham verdades, trapaceio o que leio a meu favor, digo o que entendi, mas não sei sobre o que diz a alma transparente da folha ainda em branco, rabiscos são códigos e todos embora difíceis são decifráveis, porém, uma folha e um lápis que se olham não se conhecem até que venham os arranhões, e ao se conhecerem não divulgam seus segredos, compactuam. 
Nem mesmos os erros posso corrigir, seria outra trapaça.
De: Fátima Oliveira

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Castelos de Areia


Construções efêmeras exigem um inocente construtor ou um débil brincando de existir.
Nem mesmo a mais voraz onda do mar levaria meu castelo – ledo engano.
Aplacar essa grande sede, a sede do por vir.
Ou um grande medo, medo de não poder resistir.
Testemunhando sua existência de uma janela estreita.
Vida, sonho e ilusão coexistindo num mesmo ser.
Como um grande rei, soberano de seu mundo.
Pobre rei mendigo, só desejaria viver sem abandono.
Sua realidade é pálida, como se representasse um sentido desfeito.
Mero devaneio...