domingo, 6 de março de 2011

Libertas Quae Sera Tamen




Qual sol, pasmo observa e avista enevoada.
Uma terra que já ocultou fervores.
Agora num leito de morte, estonteada.
É Granja sitiada e sem valores.
Teu rio já não margeia, exige a entrada.
Em todo canto, cobre a terra de odores.
Teus filhos ingratos te venderam por nada.
Mãe prostituída a acalentar tantos amores.

Teu sorriso amarelou o lábio enrijecido.
Devolveram-te só dor e amargura.
Em suas sedes, teu seio não sacia.
Pilham-te em plena flor do dia.
Tu que já foste um ajo de candura.
Agora demente, te conspiram matricídio.

Tua prole tem joelhos fracos e dementes.
Anos de escravidão sempre reverentes.
Um dia ainda te curas da moléstia que te assola.
Grande já foi e quem sabe ainda poderia.
Que não tarde ter fim toda tua agonia.
Noutrora exuberante, hoje velha e decadente.
Nisso tudo o que me dar forças e consola.
É sonhar verte um dia, linda moça e sorridente.


Fátima Oliveira
e
Jorge Muniz!